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quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Mais uma tentativa de análise sobre o Rock in Rio dentre tantas por aí



Rock in Rio... Nem muito rock, nem muito Rio e nem muito "in" também. Não é questão de ter pouco ou muito rock, de ter muito pop, muito axé, ou muitos projetos e trabalhos solo de (ex?)integrantes do Barão Vermelho. A questão é que não é um festival voltando em especial para a música, e sim no dinheiro que a música pode fazer, de preferência para produtores e empresas patrocinadoras.



Costumo ser amplamente favorável à ostentação de marcas comerciais em festivais, desde que feita sem ser de forma agressiva. Exemplo bom disso é o Planeta Terra. Vende um carro ali, um chiclete acolá, o próprio nome do festival é de um portal da internet, mas nada forçado demais e acaba sendo compensado pela estrutura e pela curadoria musical, embora costumem pecar no som nos últimos dois anos, como deu pra perceber nos shows do Primal Scream e Pavement.



Caso você discorde de mim e ache que lá havia propaganda demais então vai ter uma síncope com o Rock in Rio. Tudo ali é merchandising. É pra vender celular, tv por assinatura, chocolate, carro, bala, calça jeans, curso de inglês, plano de saúde, instrumentos musicais, site de compras, repelente de mosquito, chocolate, assinatura de jornal, biscoito... até salão de beleza, além de outros produtos em stands que não consegui identificar que raios seriam, e o maior mistério de todos que é uma loja do ECAD.



Mas está tudo certo em o festival ser um imenso shopping center. O público no primeiro dia parecia mesmo o que frequenta shopping center às 3 da tarde. Já no segundo dia era público de shopping center às 8 da noite. Era muita, mas muita gente sem o menor interesse em música, incluindo aí muitos dos que assistiam aos shows. A música é incidental e os acertos neste quesito são acidentais. O que importa é o culto ao consumo misturado com a vontade de fazer parte desse evento tratado com tanta importância na mídia.



Ei, mais uma vez, nada, ou quase nada, contra o consumo. Mas o formato obsessivo de merchandising e usar a música (rock ou o que seja) como desculpa para tudo isso incomoda. Se houvesse pelo menos um pouco de cuidado com a parte técnica, com um som que não parecesse muitas vezes vindo de uma caixinha de computador e todos os instrumentos pudessem ser ouvidos ao mesmo tempo já seria um alívio.



Quanto ao "Rio", eu não consigo considerar aquele fim de mundo na Barra da Tijuca ou Jacarepaguá como Rio de Janeiro, desculpem a franqueza. O problema nem é a distância e sim a demora para chegar. Como dizer que alguma coisa está acontecendo na sua cidade se leva mais de duas horas para chegar ou sair de lá? É mais rápido chegar em Niterói.



Claro que as pessoas que moram na Barra ou em Jacarepaguá podem discordar. Mas não há nessa, nem nas edições anteriores do Rock in Rio, de 1985 e 2001, a vontade que o festival fosse de fácil acesso. Espera-se muito pelos ônibus, anda-se muito a pé para chegar (e a meu ver sem razão pra isso), proibem-se carros mesmo existindo espaços gigantescos para estacionamento nas proximidades, e mesmo o ônibus especial que cobra 35 reais não oferece o conforto e praticidade que justifique o preço cobrado (falo sobre isso no próximo post).





Então, depois dessas críticas todas, há salvação para o Rock in Rio? O terceiro dia, dedicado ao metal e suas variações mostra que sim. Todos esses problemas aqui apresentados diminuem de importância diante de uma escolha satisfatória de atrações e um som potente e bem equalizado, como pude conferir nos shows do Motorhead e Slipknot. Mas sobre isso falo em outro momento...

6 comentários:

Helder Dutra disse...

dos únicos posicionamentos concretos sobre o festival.

falando de público pra público.

Otaner disse...

Obrigado, Helder. Nem achei meu texto grandes coisas, mas fico feliz que a idéia de ser algo de público pra público tenha sido captada.

Helena disse...

Achei bacana o que foi falado do Rock in Rio, porém sendo do marketing discordo totalmente sobre o cara dizer que as propagandas eram muitas, enfim o marketing vive disso meu amigo e um festival do porte do Rock in Rio é uma grande oportunidade para empresas mostrarem seus produtos e digo mais são essas empresas que bancam esses eventos.. Sem mais a declarar.

Dine disse...

não são muito bem essas empresas que bancam... tem muito dinheiro público na jogada. quem construiu a cidade do rock foi a prefeitura do rio. sem mais.

Helder Dutra disse...

o que Helena disse é verdade.

o que não tira o fato de ser boçal suportar a poluição visual/sonora/cerebral/espiritual promulgada por sua classe marketeira.

Otaner disse...

Helena, minha opinião sobre o assunto marketing excessivo é baseada na experiência que tenho de diversos outros festivais em que já estive, como já está dito no segundo parágrafo.

E mais ou menos colado com o que a Dine falou, seria interessante saber quais o valores totais das cotas de patrocínio para o festival. Tudo que achei é que o Itaú teria entrado com 17 milhões de reais! Se alguém souber os valores totais, quanto a prefeitura desembolsou, quanto tem de lei rouanet e os valores totais dos ingressos dá pra dizer quem está bancando o que.

Obrigado pela leitura!