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segunda-feira, 29 de julho de 2013

Falando sobre protestos: manifestação na porta da Rede Globo (03/07/2013)



As manifestações que começaram a tomar vultos enormes a partir de junho passaram a ter diferentes rumos e proporções, mas algo desde o começo se manteve inalterado, e não foram as reclamações quanto ao transporte público ou contra a PEC 37, ou pedindo impeachment de prefeitos, governadores e da presidenta.




Não. Algo que se manteve inalterado esse tempo todo foi a animosidade com que a imprensa foi tratada. Alvo preferencial? O conglomerado Globo e seus empregados.




Arnaldo Jabor teve grande contribuição para isso, com seu comentário desprezível no jornal vespertino da emissora. Não adiantou tentar reverter isso dois dias depois, o que foi motivo de piada até na Argentina. O histórico da empresa também não ajuda e desde a campanha pelas eleições diretas no Brasil nos anos 80 ela é conhecida por esconder e manipular informações.




Com isso, acabam sofrendo até mesmo alguns dos seus profissionais mais respeitados no meio, como é o caso de Caco Barcelos, apupado até não poder mais nas manifestações em São Paulo. Todos que foram às ruas, conhecidos ou não, levando aquele logotipo inconfundível, ouviram palavras de ordem contra a empresa que, lá, estavam representando.




Não, essa “demanda” da população não foi exibida nos jornais, telejornais, rádiojornais ou qualquer outro “jornais” que não fossem os webjornais. E quem estava na rua, claro, ouviu muito bem.




Por tudo isso, já seria natural que acontecesse algum ato em frente ao endereço mais conhecido dos vários que a Globo possui no Rio, e que fica no Jardim Botânico. A suspeita de que a empresa sonegou impostos gerou combustível para que isso se concretizasse no dia 03 de Julho.







Discursos foram feitos, muitos eloquentes, propositivos, alguns sonhadores demais (o que não é ruim), diante de um pequeno aglomerado formado em frente à portaria da Globo. Várias reclamações quanto à atuação das "maiores" empresas de comunicação e da maior, mas nos diferentes tons havia a vontade que a diversidade de vozes estivesse melhor representada na mídia.




Uma reclamação quanto à hegemonia de um pensamento imposto por um oligopólio que tem seus próprios interesses que estão muitas vezes acima do dever de informar. É algo difícil de ser revertido de forma rápida no Brasil, mesmo que a internet e esse fluxo que saiu do virtual para o real esteja aí às vezes para pautar e modificar o enfoque que certas reportagens recebem.




São questões que o Estado deve tomar parte e auxiliar, criar mecanismos para que a pluralidade na mídia possa vir a ser uma realidade. E enquanto isso não acontece, é importante que as pessoas protestem contra aqueles que elas consideram responsáveis pela manipulação da informação que deveríamos receber.







Muita gente acredita que empresas particulares não deveriam ser o alvo de manifestações, e, sim, somente os governantes eleitos. Quando se fala de mídia, então, diz-se que temos o "poder do controle remoto". Já utilizo dessa poderosa ferramenta (para deixar meu aparelho de televisão desligado), mas a verdade é que a pessoa pode zapear à vontade que não vai encontrar lá tanta diferença assim entre nossos canais de TV.




Por outro lado, naquele momento emocionante, de poder finalmente gritar o slogan que atravessa décadas, que "o povo não é bobo, abaixo a Rede Globo", devo dizer que não me senti em condições de completar a frase. Primeiro, porque o povo é meio bobo. De vez em quando bobo demais. Ainda temos muito a aprender para deixarmos de bobeira.




E não desejo o fim da Globo. Acho que não pode haver concentração de mídia da forma que há na Globo, mas para isso devem existir outros mecanismos que não seja o extermínio completo de uma empresa. Ela pagando os impostos que está devendo, fazendo a separação entre seus diversos segmentos (rádios, rede de TV, jornal, revistas... não pode haver um conglomerado fazendo o domínio de todas as formas de comunicação existentes) e buscando um equilíbrio na hora de informar, pra mim estaria ótimo.




Como isso tudo ainda está longe de acontecer, voltemos à importância da manifestação de 3 de julho. Como ato simbólico, os manifestantes "lacraram" a Rede Globo com aquela fita amarela e preta que indica uma área interditada. Os policiais, em número quase igual ao de manifestantes, e que inexplicavelmente estavam na frente do prédio "protegendo" a emissora de um perigo que jamais apareceu, foram saindo de fininho.







Globo, Arnaldo Jabor, Ali Kamel, Merval Pereira, Míriam Leitão e até Pedro Bial foram agraciados com xingamentos e várias faixas foram erguidas. Palavras de ordem, discursos, a entrega de um documento na portaria da emissora, e uma assembleia foram alguns dos acontecimentos de uma manifestação que não teve muito espaço na mídia, o que, por si só, já explica a razão de ela ter acontecido. Bobo ou não, pelo menos essa parte do povo naquela noite noite agiu acreditando na possibilidade de mudança.



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