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segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Fim de Humaitá Pra Peixe: Três vídeos do Bixiga 70 no Jockey da Gávea (30/01/2014)





Era, até prova em contrário, a última noite de um Humaitá Pra Peixe. A escalação fazia jus à proposta do festival. Artistas novos, com chances de "estourar" (ainda existe isso de estourar hoje em dia?), diversidade de estilos, etc.



O show d'O Terno, conforme relatado aqui, não teve o impacto de apresentação anterior, vista no Circo Voador em 2012. Um show (o de 2012) que, de certa forma, ajudou a uma melhor apreciação do disco de estreia do trio.



Pode não acontecer com todo mundo, mas a apresentação ao vivo de uma banda pode mudar a percepção daquilo que foi registrado em estúdio (e vice-versa).



Foi o que aconteceu nessa noite em relação ao Bixiga 70. Noves fora os irrepreensíveis dubs formatado pelo produtor e especialista na matéria Victor Rice, não fui fisgado pelo balanço que o conglomerado de músicos residentes em São Paulo propunha no disco de estreia. Já no segundo trabalho, a coisa parecia bem melhor, mais "sólida"... Mas ainda pareciam exagerados os elogios que o grupo recebe por esse vasto mundo da internet.



Toda essa percepção precisaria ser revista por qualquer pessoa após os primeiros minutos do show que o Bixiga 70 fez no Humaitá Pra Peixe. É difícil dizer o que chama mais a atenção entre o ataque que os dez músicos fazem de forma impiedosa.









De certo modo, é essa forma impiedosa o grande destaque. Em um show com tantos músicos que, pode-se notar, são bem aplicados em seus instrumentos, existem sempre aqueles momentos para cada um exibir o que sabe, o que, muitas vezes, quebra o ritmo de um concerto.



Esses momentos existem com o Bixiga 70, mas nunca sem tirar o pique do resto da banda. O pessoal dos sopros vem pra frente, mas o resto continua à toda. Os percussionistas trazem seus instrumentos para o centro do palco, mas precisam bater com força neles, porque o resto da banda não dá descanso.



Então talvez o grande destaque seja o baterista Décio 7, que acaba conduzindo o grupo a esse jeito meio "violento" que o Bixiga 70 soa, e ao mesmo tempo sem deixar de fazer os ritmos suingados cumprirem sua função.







Perceba que até agora o termo afrobeat não foi utilizado para descrever o som dos paulistanos. Que há afrobeat no som do Bixiga 70 não há dúvidas, mas há também uma construção que nos faz acreditar que os músicos se tratem de ouvintes daqueles discos dos fins dos anos 60 e começo dos anos... 70, como é o caso de Pedro Santos e Os Tincoãs, não por acaso artistas que já tiveram músicas regravadas pelo grupo. O que também não está tão longe assim do afrobeat do Fela Kuti e seu Africa...70, só não parece ser a mesma coisa.



Ao mesmo tempo, por mais que demonstrem ser, além de músicos, pesquisadores musicais, eles acrescentam características múltiplas de baião, soul, funk, jazz, rock, disco e sei-lá-mais-o-quê, o que acaba fazendo o grupo ter uma cara própria, apesar de tantas referências.



Sem soar idênticos, lembram, entre vários grupos da atualidade, os argentinos do Morbo Y Mambo, que também partem de mil misturas para criar a sua própria assinatura, uma transposição de milhares de horas ouvindo diferentes sons e timbres com uma nerdice musical aplicada para um ambiente festivo com direito até a "trenzinho" do animado público.




Público este que, se não lotou, fez bonito no Jockey da Gávea e, podia-se perceber pela diferença da indumentária com os fãs do Cone Crew Diretoria, que tocaria logo a seguir, muitos estavam ali em especial para ver os paulistanos. Mas também havia aqueles que não os conheciam, ou apenas queriam conhecer o que tinha de tão especial no som do Bixiga 70. É possível que tenham ganhado novos fãs nessa noite. Ao menos um, eu posso garantir.




Gravei 3 vídeos, que vocês podem ver aqui ou abaixo.





Lista de músicas gravadas


- Ocupai

- Retirantes

- Kriptonita




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Por conta deste autor aqui possuir outras atribuições durante a semana e o horário se aproximar da meia-noite, não foi possível conferir o Cone Crew Diretoria. Nem foi possível, nem foi muito desejado. Ter o Bixiga 70 como desfecho do Humaitá Pra Peixe foi muito mais interessante. Que novos festivais e iniciativas surjam, de Picolé a Veraneio a Dobradinhas a Labirinto ao que mais vier, pois a maré continua a fluir...

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