Defina sucesso. Um show visivelmente lotado, com momentos catárticos e produção espetacular pode ser uma definição, certo? Pessoas felizes, depois de dançar e curtir uma banda depois de bem mais de uma hora de show também, com direito a mais de um bis.
Aquele contato bem próximo com os artistas, que inclusive cantaram ali bem juntinho, na beira do palco, para fãs embevecidos com o espetáculo proporcionado... uma noite inesquecível para todos.
Defina fracasso. Tumulto na hora da entrada, uma fila imensa mesmo para quem já tinha comprado uma "cota" que dava direito ao ingresso com antecedência, pessoas entrando muito tempo depois do show ter começado não porque chegaram tarde, mas porque ficaram uma hora na fila para entrar... Dá para ter uma ideia de que é o oposto de "sucesso".
E se o som de um outro lugar "vaza" no meio das músicas mais calmas? E se dois dias depois te contam que foram vendidos pouco mais de 2.000 ingressos, aquém da lotação máxima, sendo que não havia um único espaço vazio?
O show da Nouvelle Vague no Circo Voador foi isso, uma mistura de sucesso e fracasso. Muito menos por culpa da banda, que desta vez (já é a terceira passagem do grupo pelo Brasil) trouxe o espetáculo musical chamado The Dawn of Innocence, dirigido pelo estilista Jean-Charles de Castelbajac.
Mas a única coisa que pode trazer a lembrança de um musical é a constante troca de figurinos das duas vocalistas (Mareva Galanter e Liset Ale) e da ocasional dançarina. E são nesses figurinos que se faz notar o trabalho do estilista JC Castelbajac. Há uma certa encenação, gestos, olhares, mas nada que sobressaia mais do que o repertório, que é de um show mesmo.
E o repertório da Nouvelle Vague é o que interessa ser discutido aqui. Tido e havido como uma banda que pega músicas punk e new wave e transforma em versões lounge e bossa nova, o que conferi no Circo Voador foi próximo disso, mas não exatamente isso.
New wave, ok. Mas muito mais do que punk, há pós-punk, e o que era para ser versões mais calminhas e relaxadas dessa era musical de 79 a 89 felizmente ganha força com uma super banda de apoio com direito a uma violoncelista e que é liderada pelo guitarrista figuraça Cédric Le Roux, vestido de forma quase apropriada para a Noite dos Leopardos.
Então se houve algum momento que se poderia dizer que a noite valeu a pena, fracassos e perrengues à parte, além da sensualidade e da performance das vocalistas, foram três em especial. O principal, para mim, foi ouvir "Making Plans For Nigel", do XTC, e XTC é sempre bom ouvir em qualquer forma, ritmo, jeito...
Segundo momento especial foi a versão já manjadinha do Nouvelle Vague para "Love Will Tear Us Apart", do Joy Division. Manjada, mas sempre eficiente e pelo coro dá para perceber o quanto o Circo Voador estava lotado, embora haja uma certa "modéstia" por aí quanto a esse assunto.
O terceiro momento é a partir do bis com as meninas vestidas de supermulheres e o contato ainda mais próximo com o público do gargarejo. Uma maravilha visual (sem ser necessariamente sensual) que permite até mesmo este fotógrafo orgulhosamente amador tirar umas fotos bonitas.
Além do vídeo de "Making Plans For Nigel" aí de cima, o Fábio como sempre fez sua filmagem de grande parte do show.
Pode clicar aqui também para ver a listagem de músicas de Cure, Blondie, Depeche Mode, Bauhaus, OMD e mais, tocadas pela Nouvelle Vague.
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