"Comprei o disco Eu Quero Botar Meu Bloco na Rua (1973) [o primeiro solo de Sergio Sampaio] só em 2005. E tive um baque ao escutar aquele som. Foi uma sensação rara --a mesma que tive quando escutei o A Sétima Efervescência (1997), do Jupiter Maçã."
Se você quer entender o som do Tatá Aeroplano (vocalista das bandas Cérebro Eletrônico e Jumbo Elektro), e em específico do seu disco solo, esse trecho de uma entrevista para a Folha de São Paulo explica de forma quase completa. Tatá Aeroplano é um pouco do Sérgio Sampaio e muito mais do Júpiter Maçã na época do Sétima Efervescência.
Melodias e letras lembram aquele grande disco da psicodelia brasileira dos anos 90, isto é, totalmente fora de época. São freaks, nights, cities, badtrips, etc, combinado com temas como o desejo de um tempo na relação ("Um Tempo Pra Nós Dois" só pode ter saído de repetidas audições de músicas como "As Outras Que Me Querem" e "Eu e Minha Ex") e loucuras do cotidiano.
Uma exceção talvez seja "Perigas Correr", que lembra mais a vanguarda paulistana dos anos 80. O interessante em Tatá é que, mesmo tendo uma influência tão forte quanto o Sétima Efervescência do Júpiter, ele consegue impor uma personalidade própria, bem mais serena no disco e ao vivo do que a eletricidade do gáucho Flávio Basso.
Se essa serenidade no meio do disco causa risco de hipoglicemia (embora não falte açucar, e sim pimenta), ao vivo a coisa muda de figura desde o começo, com "Sartriana", e mesmo canções em marcha lentíssima como "Uma Janela Aberta" crescem.
Talvez por causa dos músicos que acompanham Tatá: Junior Boca na guitarra, Dustan Gallas no baixo, Bruno Buarque na bateria e o DJ Marco soltando as gravações dos teclados tocados por Dustan no disco. Para ter uma idéia da qualidade dos músicos, 3/4 dessa banda faria jornada dupla naquela noite, tocando algumas horas mais tarde com a Céu na Fundição Progresso (onde o La Cumbuca também esteve).
O show tem como ponto central a saga épica "Par de Tapas que Doeu em Mim", uns 10 minutos contando a história sobre um casal maluco descendo a Rua Augusta (a 120 confusões por hora) em São Paulo. "Cão Sem Dono" também foi um destaque, e ainda bem que uma das músicas tinha 10 minutos, porque Tatá se limitou a apresentar as músicas do disco solo, o que tornou o show curtíssimo. Tivesse ascrescentado umas duas do Cérebro Eletrônico e a night teria ficado na medida perfeita.
Gravei algumas músicas, que você pode conferir aqui ou no tocador abaixo:
Lista de Músicas
- Sartriana
- Um Tempo Pra Nós Dois
- Tudo Parado na City
- Night Purpurina
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