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terça-feira, 7 de maio de 2013

Resenha do Dia da Rua e 10 vídeos do MC Marechal no Arpoador


Em tempos de Virada Cultural em São Paulo e nós aqui no Rio tendo como um dos maiores fiascos o Viradão Carioca, é bom falar sobre o festival que chega mais próximo do conceito que considero mais interessante da Virada original, mesmo que de forma muitíssimo mais modesta.




O Dia da Rua é acompanhado pelo La Cumbuca desde sua primeira edição, quando ainda enfrentava a rua mesmo. No caso, a avendia Ataulfo de Paiva e a rua Visconde de Pirajá em Leblon e Ipanema. Na terceira edição, em 2011, se mudaram para as paralelas avenidas Delfim Moreira e Vieira Souto no domingo, virando de certa forma um Dia da Praia, que vai do Leblon ao Arpoador.




Depois de dois cancelamentos por conta do mau tempo, finalmente tiveram a chance de realizar o festival no último domingo de abril e a espera valeu a pena. Principalmente porque, apesar da péssima notícia de que a Abayomy Afrobeat Orquestra não iria mais participar, tivemos uma ótima notícia para compensar, que era a inclusão do MC Marechal entre as atrações.




Ótima também porque foge um pouco do padrão médio das atrações do Dia da Rua. Louvável que, por exemplo, as atrações não tenham se repetido de uma edição pra outra, e o próprio Qinho, um dos organizadores do festival desde sua primeira edição, não tenha participado, privilegiando outros artistas inéditos nesse formato.




Mas poderia haver um clima mais diversificado e de relações menos estreitas. Há um certo grau de conexão entre a maioria dos artistas e bandas, como é o caso de João Brasil (que teve participação de Letícia Novaes e Lucas Vasconcellos do Letuce), Rabotnik, Alvinho Lancellotti, Momo, André Carvalho e Botika, que talvez pudesse dar espaço para outras iniciativas que acontecem pelo Rio e merecem esse destaque de se apresentar num domingo na praia, desde o pessoal da Transfusão Noise Records da baixada, ao trio de surf music Os Vulcânicos. Não que eu não goste de vários dos nomes citados acima, muito pelo contrário.




Tanto é que tentei e não consegui pegar a apresentação do Rabotnik no Leblon. E por conta de um cartaz gigante carregado por duas pessoas com os horários completamente errados, só consegui pegar as duas últimas músicas do show da Mahmundi - taí um nome que foge um pouco dessas conexões mencionadas e que foi um grande acerto de escalação - em Ipanema.




Mahmundi - "Quase Sem Querer"



Foi visível o tanto de gente que estava conhecendo naquela hora e gostava logo de cara do som empreendido pelo projeto comandado por Marcela Vale. Mas da Mahmundi já falamos muito aqui, aqui, aqui, aqui... Ou seja, quem acompanha e confia no La Cumbuca já sabia bem o que esperar.




Antes da Mahmundi, rolou uma passagem rápida pelo Momo ainda no Leblon, que está com disco novo na área, e tem um aspecto interessante de enfrentamento. É quase agressiva a melancolia que Marcelo Frota impõe diante de um dia tão festivo, bonito e ensolarado.




Momo - "Copacabana"



Um contraste que é interessante, acentuado pelo minimalismo dos arranjos de violão e clarinete. Embora as músicas do disco Cadafalso não pareçam tão inspiradas quanto as de seus três trabalhos anteriores (e das composições suas gravadas com o Fino Coletivo), "Copacabana" foi um um bom momento, mesmo que a praia, no caso, fosse outra. E que o público canino fosse tão grande quanto o público humano...




Após trechos de Momo, Mahmundi, e, mais à frente, Davi Moraes (ótimo som tecnicamente, mas e a sensação de que a qualquer hora ia entrar o Cláudio Zoli cantando "Na madrugada a vitrola rolando um blues"...?), chegou a hora de assistir uma apresentação completa do Marechal. O espaço destinado ao rapper no Arpoador ficou pequeno diante de tantos admiradores, curiosos e alguns fotógrafos interessados em ser parte do show (*).




E a justificativa para tantos fãs ali tão perto, mesmo que ele tenha sido chamado meio que de última hora para o evento, foi logo demonstrada com "Griot", onde o ponto alto é uma sequência alucinada de palavras metralhadas que tem como conclusão versos que falam que parece que ele tem dez pulmões e que "flow não é porra nenhuma se não tem nada de informação".




MC Marechal - "Griot"



E informação, flow e emoção é o que não falta para Marechal, que de uma forma diferente, consegue o mesmo efeito de chamar a atenção sem perder conteúdo com a parte final de "Guerra", uma música com vários crescendos e todo o âmago na ponta da garganta por parte do MC.



"Guerra"



Para quem já viu o rapper ao vivo isso não chega a ser novidade, mas ele parecia especialmente inspirado nesse dia. E tendo como ângulo o rapper de costas e o público de frente, deixou bem nítido o efeito que provocava. Surpresa mesmo foi a excelente participação do MC Sant, seguindo (descalço) os passos de Marechal.





MC Sant




Mesmo com letras contundentes e o tratamento crítico a assuntos espinhosos como as gravadoras e a própria cultura do rap, não há uma entrega à sisudez característica dos rappers mais politizados, e Marechal se diverte com um B-Boy um pouco acima do peso que tenta mandar alguns passos. Não poderia ser diferente com algúem egresso do coletivo Quinto Andar, mas dá para perceber que Marechal já está alguns andares acima.







Gravei 10 vídeos do Marechal, que você pode ver no player abaixo...



... ou clicando aqui.


Lista de músicas:

MC Marechal - "Griot"
MC Marechal - "Guerra"
MC Sant - "O Mundo ao Norte"
MC Marechal - "A Rua Sabe"
MC Marechal - "Sua Mina Ouve Meu Rap"
MC Marechal - "Nós Somos Um Só"
MC Marechal - "Nunca"
MC Marechal - "Espírito Independente"
MC Marechal - "Griot" - bis
MC Marechal - "Bota a Mão Pra Cima" - bis




(*) (Sobre os fotógrafos, ter registro do evento é muito legal, nós aqui registramos os shows que cobrimos, mas alguns fotógrafos da produção do Dia da Rua perderam totalmente a noção. Em especial um de barba e camiseta regata, que segurava uma máquina com um cabo embaixo e que resolveu "estacionar" sua bicicleta no meio daquele espaço já apertado - e pior, colocou uma tranca nela na estrutura do evento com os balões! - e em vários vídeos é possível vê-lo com a câmera praticamente colada na cara do Marechal e o cara ali, no meio do show, como se fizesse parte dele. Não satisfeito, no bis, com "Griot", ele resolveu ir embora com sua bicicleta e só não atrapalhou a gravação que fiz durante a melhor parte da música porque coloquei a mão na frente da cara dele e mandei ele esperar. Como exemplo: será que alguém acharia normal que durante o show do Paul McCartney entrasse um fotógrafo e ficasse fazendo fotos de pé a meio metro do ex-Beatle diante de um estádio com dezenas de milhares de pessoas? Sério que alguns fotógrafos não conhecem um recurso chamado "zoom"? Lamentável. E pra deixar claro: os fotógrafos que estavam acompanhando o Marechal em específico, e não o Dia da Rua, agiam corretamente.)

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