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quinta-feira, 20 de junho de 2013
De Marcelinho ao fogo na Alerj: alguns vídeos e considerações da manifestação de segunda-feira no Rio
Desde segunda estou tentando escrever sobre a mega manifestação que aconteceu no Rio de Janeiro, indo da beleza que foi estar junto das centenas de milhares de pessoas (100 mil uma ova, tinha no mínimo o triplo disso) na Rio Branco, todos se divertindo mas também expondo suas bandeiras, até a selvageria na Alerj praticada por alguns bandidos que tinham seus próprios interesses e que foram permitidos fazer o que quisessem por omissão da polícia comandada pelo governador Sérgio Cabral.
Fala-se muito que os protestos não são só por 20 centavos. Bom, são sim, e há que se ter cuidado para a cooptação dessa movimentação toda em torno de pautas que interessam a grupos específicos que nunca tiveram capacidade de ir às ruas por conta de suas próprias reivindicações.
Mas é claro que muitos outros anseios entraram no bolo dos desejos da população. O que posso dizer, pelos lugares que estive, é que a população gritava ofensas contra as seguintes pessoas/entidades: Sérgio Cabral e a Globo sempre de forma bastante sonora, o superfaturamento em estádios de forma média, e em uma escala um pouco menor, mas também bastante intensa, a presidente Dilma e o prefeito Eduardo Paes.
Além disso, vários cartazes contra a PEC 37 e lembrando do descaso dos bondes em Santa Teresa. Pode-se dizer que o povo está contra os desmandos e a impunidade dos políticos, mas ela também está contra o que ela considera a manipulação da imprensa, canalizado aqui no conglomerado de comunicação mais poderoso do país. Na verdade, se posso arriscar um palpite sobre o momento atual, o povo está cansado de toda a forma e símbolo visível de poder, seja ela de governantes ou de quem detém o monopólio da comunicação.
A justiça e o empresariado que recebe dinheiro do setor público não tem um "rosto", com exceção dos ministros do STF (que ainda mantém algum prestígio) e do Eike Batista, e talvez por isso tenham sido poupados, mas também podem vir a ser alvos de um povo que está redescobrindo o poder de demonstrar sua insatisfação.
E é necessário que alguns empresários saiam das sombras, como os donos das empresas de ônibus do Rio de Janeiro, que em nenhum momento são questionados pela imprensa o que pensam sobre um assunto que interessa diretamente a eles.
Já disse muito, não disse quase nada, e ainda teria muito mais a pouco-dizer, mas o tempo é curto. Deixo alguns vídeos sobre essa segunda-feira histórica para o Brasil.
Primeiro, o mais divertido. O Marcelinho, da websérie Marcelinho Lendo Contos Eróticos estava lá, com o cartaz "cansei de ser manipulado!!!". Confesso que nunca vi um vídeo dele, mas a presença dele na Rio Branco foi incrível.
Para falarmos de música: alguns membros da Orquestra Voadora sonorizaram boa parte da passeata. Embora nem sempre visíveis ou audíveis, quem já esteve em alguma apresentação deles sabe o que está acontecendo no vídeo abaixo.
Aqui, o povo carioca verbalizando sua insatisfação com o governador.
Já na Alerj, em direção à Praça XV, as cenas de destruição já bem conhecidas de todos. É importante frisar que, enquanto no dia anterior o batalhão de choque agiu de forma covarde contra manifestantes pacíficos no entorno do Maracanã, desta vez o comando da Polícia Militar permitiu que uns 50 PMs, sem o equipamento adequado para enfrentar uma revolta popular, sem apoio e sem planejamento, estratégia ou tática, enfrentassem uma turba enfurecida estimulada por aproveitadores que estavam lá para descarregar suas frustrações particulares, como fazem em brigas de torcida em estádio.
Uma antropóloga diz que houve uma erro de avaliação por parte da PM. A PM diz que foi uma decisão técnica e que foram surpreendidos, mas na mesma notícia um coronel, em condição de anonimato, disse que "houve uma ordem política para deixar as coisas acontecerem, e depois chamar os envolvidos de vândalos". A minha avaliação lá, na hora dos acontecimentos, foi a mesma, mas não só isso.
Havia também a necessidade de criar medo nas pessoas, como dá para ver em vários trabalhadores e estudantes de cursos em prédios da cidade que resolveram se trancar nos prédios enquanto o tumulto lá fora não acabasse.
Um pouco irracional essa decisão das pessoas (se realmente os vândalos estivessem dispostos a atacar qualquer um não ia ser aquela porta que ia proteger eles), mas a explicação pode ser resumida nesse tweet: "Sabe quem tirou a polícia da rua para estimular o terror na população? Hosni Mubarak, no Cairo. Eu estava lá e vi a galera montando milícias".
Mesmo assim, de volta à Cinelândia, mesmo com o abandono do Estado em nos proteger naquela noite, ainda tinha muita gente.
E é isso que precisamos, de muita gente, mas que chegue a um consenso em isolar baderneiros, infiltrados ou não, não agir com truculência contra os que pensam diferente de forma pacífica e, uma vez que os 20 centavos foram conquistados, lutar agora para que esse dinheiro seja retirado do lucro excessivo das empresas de ônibus e não de outras áreas. Uma CPI do transporte no Rio é um bom caminho e um bom motivo para que a mobilização continue hoje.
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