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terça-feira, 4 de junho de 2013

Jorge Drexler no Vivo Rio (17/05/13)





Muitas vezes notamos que o Brasil não olha com a devida atenção para os artistas que despontam na música pop nos países com quem dividimos o mesmo continente. Grupos de rock como Los Fabulosos Cadillacs, Soda Stereo, Cuarteto de Nos, Aterciopelados e Illya Kuryaki and the Valderramas são grandes desconhecidos no nosso país, apesar do sucesso que fazem/fizeram por toda América Latina.




É verdade que nomes como Shakira (antes mesmo do estouro mundial), Menudos e Maná ganham notoriedade por aqui, com lotação máxima em suas passagens. Uma questão muitas vezes de uma exposição maior na mídia, vitaminada por gravadoras com interesse no sucesso global desses artistas...




Mas apoio de marketing corporativo não parece ser o caso de Jorge Drexler. O cantor/compositor uruguaio, que reside na Espanha, tem na bagagem um Oscar por melhor canção ("Al Otro Lado Del Rio") e a admiração de Paulinho Moska, que traduziu pro português "La Edad Del Cielo", transformada em sucesso. Talvez tenha sido preciso algo mais que essas coisas para justificar um Vivo Rio cheio em maio, pronto para ouvi-lo e disposto a cantar com ele, que veio apresentar a turnê Mundo Abisal.








Embora cante em espanhol a maior parte do tempo, deve agradar ao público o quanto é forte a identificação que tem com certa vertente da MPB, onde poderia ser enfileirado junto a Moska, Lenine, Zélia Duncan, Celso Fonseca e Adriana Calcanhotto. Essa identificação também ocorre quanto ao formato da apresentação, com uma banda enxuta, de dois músicos, manuseando instrumentos acústicos e eletrônicos.




Nesse formato, no quesito arranjo, ele dá um banho de densidade em comparação com os colegas brasileiros, desde a abertura com "Hermana Duda". Já na parte de iluminação e cenografia faz com que cantor e mini-banda quase sumam no palco a maior parte do tempo, fazendo resplandecer os objetos em cena, que dão uma sensação de experimentos científicos em algum planetário.




Corpos celestes ou átomos e a imensidão de uma escuridão, objetos que se relacionam com as longas explicações que antecedem a música "Noctiluca", um trocadilho com o nome de seu filho e uma espécie de plâncton marinho que brilha nos mares uruguaios. "Temos algum biólogo aqui?", perguntou Drexler, para poder fazer uma tradução mais precisa sobre o espécime aquático.








As conversas do cantor com o público, em especial quando ficou só no palco com o violão, improvisando e atendendo a pedidos, quebram um pouco o ritmo do espetáculo, mas agradam em cheio seus admiradores. É nesse momento acústico que Jorge Drexler pula da tradicional zamba da região platina ("Zamba del Olvido", ainda com apoio percussivo de um dos músicos) para "Desde Que o Samba é Samba", de Caetano Veloso.




É nessa parte do set que acontece um momento involuntariamente delicioso, na lindíssima interpretação de "High and Dry" do Radiohead, onde o barulho de algum copo se espatifando pela casa serve de sonoplastia para o verso "you broke another mirror". Depois, pede mais auxílio da plateia para saber que músicas pode tocar com uma afinação específica do violão, o que o leva a emendar "Dear Prudence" dos Beatles com sua "Fusión".









Sua proposta de interação com o público, dando espaço para que cantem em diversos momentos, e chegando a atrapalhar em uma ocasião onde ele pede para que as palmas sejam substituídas por estalos de dedos, chega ao ápice com a ultrainterativa "Habitación 316", onde voluntários vão ao palco e manipulam um aplicativo que escolhe na hora os versos da canção. Um processo um pouco cansativo, embora tenha se provado divertido.




Já de volta ao formato trio eletrônico-acústico, o show volta a ganhar ritmo e chega ao auge com a versão com toques orientais de "Disneylandia", dos Titãs. No fim, no segundo bis da noite, os fãs já se levantaram das cadeiras e tomaram a frente do palco para assistir a amálgama de "Deseo" com "Fora da Ordem", mais uma de Caetano, e que Drexler gravou na coletânea lançada ano passado em tributo ao baiano.




Se a admiração dos brasileiros (e dos cariocas, em específico) por Jorge Drexler é por causa do Oscar, do lobby de Paulinho Moska, da reverência que Drexler tem por Caetano e pela MPB ou pela intensa interação que promove ao vivo, é algo difícil de definir. É mais fácil dizer que, o que quer que seja, a quantidade de fãs depois de um show desses só fará crescer.










Os 10 vídeos que gravei do show e que mostram muito do que contei acima podem ser vistos abaixo ou clicando aqui.





Lista de músicas gravadas:

- "Hermana Duda"

- "Mundo Abisal"

- "Zamba del Olvido"

- "Desde que o Samba é Samba"

- "High and Dry"

- "Dear Prudence" / "Fusión"

- "Guitarra y Vos"

- "Disneylandia"

- "Al Otro Lado Del Río" / "Sea"

- "Deseo / Fora da Ordem"

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