Não costumo comentar muito aqui o falecimento de artistas. Muito por falta de tempo para falar de tudo que quero por aqui e um pouco porque, em muitos casos, por mais que uma morte possa ser um fator triste, faz parte do ciclo pelo qual todos passaremos. No caso de artistas que deixaram um legado, uma obra, que mudaram a vida das pessoas enquanto estiveram neste Mundo, há que se lamentar a perda, mas também há que se celebrar a vida e a memória dessas pessoas.
Mas algo me perturbou bastante e me entristeceu com a morte de Lou Reed. Mais do que um artista influente, com discos hoje em dia considerados clássicos e algumas músicas tidas entre as melhores já escritas dentro da música popular, Lou Reed era alguém que expunha um incômodo* com o que há de estabelecido na cultura e na sociedade. Do Velvet Underground à parceria com o Metallica foram muitos acertos e erros, altos e baixos, mas quase sempre esse olhar que trazia lirismo ao submundo, sujeira ao modo de vida americano, poesia a barulhos infernais, cinismo ao que considerava estupidez, enfim... Era um símbolo muito grande e inspiração para tantos grupos e artistas que gostamos que não deu para ficar imune ao sentimento de tristeza que é saber que não temos ele vivo por aí, nos lembrando dá para fazer diferente.
(* Mesmo escrevendo parágrafos curtos, ao fim de um texto gosto de fazer pesquisas para saber se alguém já escreveu algo parecido com o que escrevi. procurando por "Lou Reed incômodo" cheguei ao ótimo texto do Floga-Se sobre a morte de Lou Reed. Leia aqui, recomendo.)
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